O que é?
O autismo é uma desordem global do desenvolvimento neurológico. Normalmente estes problemas acontecem nas partes do cérebro ligadas á comunicação, emoções e sentidos. Consiste numa alteração cerebral que põe em causa a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder, de modo apropriado, ao que lhe é pedido.
O autismo inicia-se desde o nascimento ou desenvolve-se nos primeiros anos de vida da criança.
Quais as causas?
Sabe-se que o autismo afecta, aproximadamente, 1 em cada 150 crianças, porém, as suas causas ainda não são conhecidas, apesar das inúmeras investigações e estudos feitos. Alguns cientistas acreditam que é mais provável uma criança nascer autista se tiver alguém na família com o mesmo problema. Esta teoria ainda não foi comprovada, uma vez que existem crianças que são autistas sem nunca terem tido alguém na família que também o seja. O cérebro humano é um enigma, tornando, por isso, muito difícil de determinar a causa exacta.
Quais os sintomas?
É muito difícil determinar se uma criança é autista. Geralmente, são os pais os primeiros a suspeitar que algo está errado. As crianças são submetidas a vários testes. A equipa de médicos responsável estuda como a criança brinca, aprende, comunica e se comporta. Depois de terem toda a informação necessária, concluem se a criança é, ou não, autista
Nem todas as pessoas com autismos apresentam um atraso mental, mudez ou outros atrasos importantes no desenvolvimento da linguagem, pelo contrário, algumas falam correctamente e têm uma inteligência, por vezes, acima da média.
A grande maioria das crianças autistas são, aparentemente, normais, contudo o seu comportamento é totalmente diferente do das crianças típicas.
Todas as crianças afectadas pelo autismo têm sintomas diferentes, o que torna mais difícil diagnosticar o autismo. Podemos, contudo, destacar três dos sintomas mais comuns, são:
- A dificuldade de falar e comunicar. Calcula-se que cerca de quatro em dez crianças autistas não conseguem falar, outras sofrem de um outro problema, conhecido como efeito eco, que consiste em repetir as palavras que lhes são ditas;
- Não gostam de mudanças bruscas. As crianças autistas adoram as rotinas, ou seja, gostam de fazer sempre a mesma coisa e da mesma maneira. Muitas vezes reagem mal quando vêm as suas rotinas alteradas por alguém, uma vez que deixam de saber como fazer as coisas. Isto não se aplica só às rotinas, a forma como os objectos devem ser arrumados também é importante. Se alguém mudar essa ordem elas ficam muito chateadas;
- A dificuldade de se relacionar com as outras pessoas. As crianças autistas não gostam de ser tocadas nem que as olhem nos olhos, preferem estar sozinhas.
O autismo pode ser ligeiro, afectando, apenas, uma parte da vida quotidiana, ou mais profundo, tornando a pessoa totalmente dependente dos outros.
Como tratar o autismo?
Infelizmente ainda não se conhece a cura para o autismo. Contudo, os médicos, terapeutas, pais, professores e amigos podem ajudar as crianças a ultrapassar este problema ou, pelo menos, a lidar com as dificuldades.
Quanto mais cedo a criança começar a terapia para o autismo melhor.
Está comprovado que o relacionamento com animais, sobretudo com cavalos tem ajudado a maioria das crianças autistas.
Autismo em Portugal
Estima-se que existam, em Portugal, 65 mil autistas e que, à semelhança do que acontece noutros países, existam cerca de 5 casos de autismo por cada 10.000 habitantes, com uma superioridade nos rapazes de, aproximadamente, quatro vezes maior à das raparigas.
O autismo e a comunicação com os outros
O autismo altera, totalmente, a forma como vemos e experienciamos o mundo. Um autista não interpreta as coisas ou os sentimentos como nós. É muito complicado para uma criança autista relacionar-se com outras ou expressar-se através de palavras, uma vez que se isola no seu próprio mundo e precisa de ajuda para comunicar.
O autismo provoca diferentes reacções. Um som que, para nós, pode ser tão normal pode atordoar um autista, ao ponto de os levar a tapar os ouvidos. A sensação de ser tocado pode ser muito desconfortável para ele.
As pessoas com autismo têm dificuldade ou, simplesmente, não conseguem associar coisas. Quando alguém sorri para nós, sabemos que essa pessoa está feliz ou está a ser simpática, ora para um autista a dificuldade em associar o sorriso a um estado emocional da pessoa é muito difícil.
O mesmo acontece com o uso das palavras. Imagine-se como seria se fossemos viver para um país estrangeiro cuja língua nos fosse alheia. Seria muito complicado para nós entender o que os outros nos diziam ou mesmo comunicar com eles. Um autista tem dificuldade em relacionar as palavras com o seu próprio significado. É muito frustrante para uma pessoa autista tentar dizer qualquer coisa e não encontrar as palavras certas para isso. Esta situação leva a que, muitas vezes, os autistas tenham variações de humor.
O autismo coloca dificuldades a nível cerebral em realizar um trabalho essencial: que o mundo faça sentido. O nosso cérebro está, permanentemente, a interpretar sons, cheiros, imagens, sensações, tudo isto provem dos nossos cinco sentidos sensoriais. Quando o cérebro não consegue interpretar essas sensações, haverão mais dificuldades em andar, falar, relacionar-se com os outros ou fazer coisas que para nós são tão banais.
Quando falamos de comunicação, instintivamente, lembramo-nos da comunicação oral, pois é a mais comum. Contudo, esta não é a única forma de comunicação. Para as crianças com autismo esta será, provavelmente, a forma mais difícil de comunicar (estima-se que cerca de 50% dos autistas não conseguem desenvolver a linguagem verbal), por isso, existem outras formas de comunicação possíveis a utilizar com estas pessoas especiais, sendo a maior comum a utilização de símbolos.
As crianças são todas diferentes e, por isso, têm necessidades diferentes, mas aprender a comunicar é um primeiro passo elementar. Aprender a falar pode ser complicado para as crianças autistas, mas não é impossível.
Uma grande parte das crianças autistas percebem melhor as palavras quando as vêem escritas, por isso os terapeutas ensinam-nas a comunicar com a ajuda de imagens ou mesmo com linguagem gestual. Esta língua gestual não é igual à dos surdos, consiste em gestos, uns mais simples outros mais complexos, como apontar. Esta técnica ajuda as crianças a aprender coisas e muitas acabam por aprender a falar.
Que condições dispõe a sociedade para os autistas?
Na maior parte das vezes, a sociedade não está preparada para este tipo de pessoas. É frequente encontrarmos, um pouco por todo o mundo, crianças fora do sistema de ensino, uma vez que a sociedade não apresenta as melhores condições de acompanhamento para estes, assim sendo, o direito à educação não está a ser respeitado. Para além disto, muito do tratamento que os autistas recebem está aquém daquele que necessitam.
Em Portugal, foi inaugurada, a 29 de Setembro de 2008, no Colégio Campo de Flores, em Almada, a primeira escola para autistas. A turma-piloto é constituída por 10 crianças que são acompanhadas 25 horas por semana. Devido a um maior apoio do Estado, a mensalidade poderá baixar, atraindo, assim, mais utentes.
Esta instituição implementou o modelo de Análise Comportamental Aplicada (ACA), método importado dos Estados Unidos que tem tido um sucesso de 40%, na tentativa de melhorar a autonomia das crianças com autismo. A sala de aula terá apenas uma secretária com dois lugares, um para o aluno e outro para o técnico, que irão trabalhar sob a supervisão dos especialistas da escola-sede americana.
Calcula-se que cerca de 65 mil portugueses sofram de autismo. Apesar de ser um número relativamente pequeno, tendo em conta a população total de Portugal, penso que o nosso país não está, de todo, preparado para acolher este tipo de pessoas, visto que a única escola para autistas existente no nosso país alberga, apenas, dez pessoas, o que é muito pouco.
Os cuidados a ter com os autistas são permanentes e bastante caros, sendo, por isso, quase impossível uma família com poucas posses, a nível financeiro, conseguir sem auxílio do Estado tomar adequadamente conta deles.
A nova legislação veio impor uma redução nos apoios financeiros às organizações que trabalham com crianças com necessidades educativas especiais. Esta redução de verbas pode pôr em causa o apoio às crianças autistas. Com esta reforma na educação especial, que prevê que todas as crianças com deficiências sejam integradas no ensino regular até 2013 - as escolas especializadas estão a converter-se em centros de recurso. Apresentaram este ano um projecto de apoio educativo que vai ser desenvolvido com o apoio das instituições de ensino regulares.
O que podem eles oferecer à sociedade?
“Luís e Ana. Dois nomes fictícios para duas histórias reais. Ele é "quase" independente. Ela não. Sofrem ambos da síndrome de Asperger (pertence ao espectro autista). Luís, 25 anos, residente no Seixal, é "uma barra" em informática, como adjectiva o próprio patrão, que lhe deu um lugar de destaque numa empresa. Conseguiu o emprego após terminar o 12.º ano, com média de 16, e depois de concluir um curso de computadores. Ana, 23 anos, residente em Évora, ficou pelo 9.º ano. Não quer trabalhar, por ter dificuldades de relacionamento. Já foi a várias entrevistas para emprego, ao lado dos pais, mas, segundo os progenitores, os nervos nem lhe permitem dizer "bom dia".”
Retirado de: http://dn.sapo.pt/2008/08/11/sociedade/p
Como já foi dito, existem vários tipos de autismo. Nos casos menos graves, o indivíduo consegue levar uma vida minimamente estável, consegue ter um trabalho, uma família, apesar de alguma agitação. Quando os casos de autismo são dados como graves, a situação agrava-se, sendo este totalmente dependente de alguém.
Que tipo de preconceitos sofrem os autistas?
Apesar de estarmos no século XXI, o preconceito continua a ser uma constante nas nossas vidas, sobretudo nas pessoas que são, por assim dizer, diferentes de nós, no sentido de não terem as mesmas capacidades físicas, sensoriais, intelectuais e/ou psíquicas.
Os autistas, ainda mais que os deficientes físicos e sensoriais, são alvo de um maior preconceito. Geralmente é lhes recusado o acesso em escolas, uma vez que tê-los na escola seria um enorme encargo. A maior parte das escolas que aceitam autistas não sabem lidar com a situação, nem tão pouco se interessam. Não existem instrumentos específicos para educá-los. Grande parte dos autistas ficam em casa aos cuidados da família.
Todos estes problemas levam os pais ao desespero. “ Há alturas que fico totalmente desesperada, porque sei que o meu filho vai ser dependente para sempre. O autismo não tem cura nem remédio”.
Frase retirada de: http://www.cronicaautista.blogger.com.br/